quarta-feira, 7 de julho de 2010

Civilização Egípcia

Na tentativa de reconstruir o passado, os estudiosos se deparam com inúmeros problemas.

Existem diversas hipóteses a considerar, é preciso encontrar as soluções, provas são necessárias para comprovar teorias.

O importante para a arqueologia são os fatos e hoje sabemos consideravelmente mais do que no passado. Atualmente, tesouro maior do que ouro, prata, pedras preciosas, é tudo aquilo que possa ajudar a escrever a história de um povo.

A história segue em ciclos e muitas evidências se perdem ao longo do tempo, por isso é importante, nesse caso, uma abordagem distanciada, pois somos leigos e esse pequeno livro passa apenas uma vista d´olhos sobre um assunto extenso e complexo.

A civilização egípcia deixou um legado riquíssimo em todas as atividades humanas. E é um pouco dessa história que vamos escrever, a história de um povo que continua a nos surpreender.

Com os recursos tecnológicos atuais, as pesquisas se tornam mais e mais acuradas, as escavações trazem à tona não só as lembranças dos altos dignitários mas também dos trabalhadores. O rico solo do Egito já contou muito de sua história e com toda a certeza ainda tem muito a revelar.


Localização geográfica
África, mapa do Nilo

Situado ao nordeste da África, o Egito, ao norte, é cercado pelo mar Mediterrâneo, ao sul pelas cataratas do rio Nilo na Núbia (Sudão), a oeste pelo deserto da Líbia e ao leste faz fronteira com o Mar Vermelho.

Esta é a localização que temos atualmente, mas, se conseguirmos imaginar que na antiguidade não havia fronteiras demarcadas, as principais regiões do Egito formavam oásis fluviais no deserto. Essas regiões eram o vale do Nilo, o delta e o Fayum. As outras regiões sofreram mudanças de acordo com o período e os governos.

Observando a localização descrita acima, podemos verificar que o Egito ficava num local bem protegido e provavelmente esse foi um dos motivos que permitiu seu desenvolvimento. O isolamento geográfico permitiu que o país se estabilizasse e fortalecesse.

Ao voltarmos no tempo, podemos imaginar, há mais de 10 000 anos, os homens, nômades, vagando pelas terras africanas e encontrando um vale fértil, ao longo de um grande rio.

Havia barreiras naturais, desertos, para protegê-los dos inimigos e esses homens, provavelmente caçadores, aproveitaram as terras férteis e trocaram a caça pela agricultura.

O contraste da vegetação da margem do Nilo

Com toda certeza, muitas vezes se assustaram com a violência das cheias do rio, mas, quando as águas retornavam ao leito, nossos ex-nômades caçadores encontravam uma terra preta onde podiam plantar pois iriam colher com abundância.

Nas áreas distantes das margens, que as águas não alcançavam, a terra era vermelha. Lá, era o deserto, mais tarde conhecido como o reino dos mortos (onde foram construídos os túmulos e as pirâmides).

E foi assim que as tribos se fixaram naquelas terras, vivendo em relativa segurança graças à geografia local e com abundância de alimentos, mantendo-se distantes das bordas hostis e ameaçadoras do deserto.

Podemos então dizer que o rio, o deserto e as montanhas moldaram profundamente o povo egípcio.

O clima e o rio
rio Nilo entre Luxor e Assuã

Sendo o Egito cortado pelo rio Nilo no sentido sul-norte, observa-se a formação de duas regiões: o Vale, estreita faixa de terra cultivável, apertada entre desertos denominada Alto Egito; e o Delta, em forma de leque, com maior extensão de terras aráveis, pastos e pântanos, denominado Baixo Egito.

A queda de chuvas no vale do Nilo é quase nula, portanto, se dependesse das chuvas, ali não poderia haver agricultura.

Talvez o Egito não tenha sido sempre uma terra tão quente, mas, mesmo assim, o calor seria predominante, o clima é quente e seco. É possível que no período de formação do Egito, ainda houvesse facilidade de contato com as regiões vizinhas porque a desertificação do Saara ainda não estava completa. No terceiro e quarto milênios, o deserto se expandiu e de alguma forma protegeu o povo que vivia no vale do Nilo.

O rio que nutre o solo egípcio e permite as plantações e a vida foi determinante para seu desenvolvimento.

O rio Nilo é formado por três rios: o Nilo Branco, o Nilo Azul e o rio Atbara. Considera-se que o rio Nilo tem origem no Lago Vitória no Grande Vale do Rift (África Oriental). De lá ele sai com o nome de Nilo Branco.

O Nilo Azul nasce na Etiópia e se encontra com o Nilo Branco em Cartum (capital do Sudão). Ao norte de Cartum ele recebe seu último grande afluente: o rio Atbara.

Assim ele segue atravessando a Núbia e o Egito. Nos tempos antigos havia sete bocas do rio no delta, desaguando no mar Mediterrâneo.

O Nilo e seu delta terras férteis em meio ao deserto

Esse era o portentoso rio, que, para os povos que viviam às suas margens, era um verdadeiro deus, por eles chamado Hapi.

Na realidade, da junção entre o sol e o rio Nilo é que nasce a prosperidade e por isso ambos eram vistos como deuses.

O rio enche e inunda as terras com as águas carregadas de aluviões e o sol se encarrega de secar o excesso para que a vegetação possa renascer luxuriante.

Por esse motivo, o vale do Nilo era chamado de terra negra ou kemet. O oposto era o deserto, a terra vermelha ou deshret.

Nilômetro de Kom Ombo

Afinal os egípcios não precisavam pedir aos deuses pela chuva, o rio-deus proporcionava a água e o adubo necessários para as plantações e a terra negra era a alegria dos deuses e dos homens. Já a terra vermelha deveria ser evitada, era o deserto com um vento abrasador que secava os campos e era consagrada ao deus Set.

As terras fertilizadas pelas cheias do Nilo eram usadas para plantar, principalmente linho, cevada e trigo.

E aqui entram as tão famosas palavras de Heródoto, o grande historiador grego:

O Egito é uma dádiva do Nilo.

Se a cheia anual fosse muito grande, causava destruição. Se fosse muito baixa, alagaria pouca extensão de terras, pouca terra para semear é sinônimo de pouco alimento. Se por vários anos a cheia fosse baixa, havia fome.

Então, embora sendo de fato uma dádiva, o Nilo não prescinde da mão do homem.

No momento em que os homens começam a dominar o rio, controlando a cheia anual, construindo diques, os nilômetros que serviam para medir o nível das cheias e reservatórios, pondo em prática o trabalho comum para o bem de todos, com a cooperação e a organização são lançadas as bases da grande civilização egípcia, o povo que construiu um império que dominou sua época e que até hoje desperta curiosidade e paixão.


Período pré-dinástico


4500-3000 a.C.
estatueta de cachorro

Índice

Nomos

Como foi visto no capítulo anterior, por volta de 4500 a.C. já existiam pequenas aldeias nas margens do rio Nilo. Afinal, o local era protegido, as terras eram férteis e o clima quente.

Essas pequenas comunidades ficaram conhecidas como Nomos (palavra grega) ou Spats.

Essas tribos primitivas ao se unirem em grupos maiores e estáveis, os Nomos, se fixaram definitivamente à terra e passaram a ter chefes governantes, chamados Nomarcas.

Religião

recriação de um sepultamento pré-dinastico

Como a maioria dos povos primitivos, esses habitantes dos nomos possuíam um grande respeito pelas forças da natureza (que eram incompreensíveis para eles) e pelos animais. Já vimos que o rio Nilo era tido como Hapi, um deus, e o sol era o deus Ra. Assim, a maior parte dos seus deuses era representada por algum animal, isso inclusive ocorreu durante a maior parte da história do Egito. Os deuses primitivos eram zoomórficos (tinham forma de animais).

As formas dos deuses começam a mudar quando os homens percebem que já compreendem e estão aptos a enfrentar os fenômenos da natureza. Então, eles passam a fundir num só deus, o homem e o animal (antropomorfismo).

Desde os primórdios, os egípcios deveriam crer numa vida após a morte porque, foram descobertas sepulturas da era neolítica, já com instrumentos e víveres para servir ao morto, se presume. Se assim for, esta era uma crença já arraigada profundamente no povo egípcio. Essas sepulturas, eram cobertas de pedras, para proteger o corpo dos chacais e das intempéries.

escada de acesso ao nilômetro

Trabalho

Quanto a agricultura, já havia um certo desenvolvimento agrícola, de modo que o cultivo de cereais como o trigo e a cevada, além do linho se tornou uma fonte de riqueza. Todo o excedente era trocado entre os nomos.

Havia trabalho coletivo em prol da comunidade de acordo com as necessidades, como a construção de reservatórios de água e um primoroso trabalho de irrigação, que levava as águas do rio para as regiões mais distantes do seu curso. Também construíram diques para controlar as cheias do Nilo e os nilômetros para medir as cheias.

Os habitantes dos nomos já criavam animais, teciam o linho, trabalhavam pedra e cobre, fabricavam cerveja e construíam casas de adobe (espécie de tijolo cru, feito com argila e palha).

Organização política

Ao longo do tempo, já havia um grande número de nomos que foram se reunindo, através de tratados e conquistas. Acredita-se que as crenças tiveram papel preponderante para unir as comunidades sob determinado deus assim evitando guerras.

objetos de marfim, Naqada

Alguns estudiosos dividem esse período em outros quatro períodos, chamados de Primitivo, Naqada I, Naqada II e Naqada III. Este último pode ser chamado também, por alguns de Dinastia 0.

Naqada II é o início do desenvolvimento de centros populacionais, os nomos mais organizados , como, Tinis, Naqada, Buto (associada a Per-Wadjet) e Nekhen, começaram a se destacar dos demais. É o começo da organização do Egito como estado e a definição de uma fronteira política.

O período chamado Naqada III é o embrião do futuro país unificado e existem registros de governantes e de alguns eventos específicos.

Parece que, nesse período houve governantes que controlaram partes significativas do território, esses governantes podem ter sido chamados de reis.

Na realidade, chamar esse período de Dinastia 0 não parece muito apropriado, uma vez que, como veremos mais tarde, as dinastias agrupavam uma família de governantes, ou pelo menos aqueles que reinavam de um local específico. E, no período Naqada isso não ocorreu. Não há como estabelecer uma linha sucessória nessa fase.

figura em osso, Naqada

O povo egípcio

Por volta de 3400 a.C. registra-se a entrada de outros povos na região, especialmente no delta. Na verdade não sabe ao certo qual a etnia do povo egípcio e aqui vamos fazer um parêntese para além da época pré-dinástica.

Através da região em foco, passaram os núbios, judeus, líbios, fenícios, acadianos, hititas, assírios, hicsos, persas, árabes, gregos, romanos, que com toda certeza de alguma forma deixaram sua marca nos genes do povo. Assim, não vamos presumir que os egípcios tivessem essa ou aquela característica porque não há consenso.

Porém, esses povos estrangeiros tanto podem ter trazido novas idéias, como também podem ter parecido uma ameaça futura, tornando mais urgente a unificação dos nomos.

Nessa altura o povo egípcio já possui uma aritmética simples, usada para medir as terras e calcular as colheitas. Sabiam o movimento de algumas estrelas e calculavam as cheias do Nilo. Já possuíam um calendário bem sofisticado. Sua escrita foi desde o ínicio baseada nos hieróglifos (grafia sagrada) e nunca mudou.

Os egípcios já haviam superado a infância e adolescência de um povo e estavam preparados para entrar na idade adulta com um grande futuro!

Reis de Naqada III

Reinaram nos anos de formação do Egito, antes que o país fosse unificado.

Embora até hoje não se tenha decifrado com exatidão os nomes desses reis de Naqada III, é possível pesquisar partindo de pequenos detalhes e supor que determinadas peças ou túmulos pertenceram a esses reis.

paleta com relevos de hienas, girafas e íbis. Naqada III

Já foram encontradas diversas pistas, ainda por serem compreendidas, serekhs (cartuchos com o nome Hórus do rei encimados por um falcão) gravados em vasos e pedras, alguns com inscrições muito destruídas, outros com a grafia dos primórdios, ainda não decifrada.

Um dos artefatos mais conhecidos desse período que precede a Primeira Dinastia, é a cabeça de uma maça (arma de guerra) que pertenceu a um rei geralmente chamado de rei Escorpião. É possível que este rei tenha existido e reinado antes de Narmer. Embora nada se tenha encontrado sobre esse possível rei em Abidos, há especulações de que uma tumba de quatro aposentos encontrada sem nenhuma inscrição possa ter pertencido a ele.

Embora, também a existência de um rei “Crocodilo” não seja aceita pelos egiptologistas em geral, a cabeça da arma do Escorpião é um argumento forte para, pelo menos, se discutir sua existência como um rei do final da era pré-dinástica.

Através dos estudos das camadas da terra nas tumbas reais de Abidos, e das peças de cerâmica encontradas, é provável que o antecessor de Narmer como governante em Abidos tenha sido um rei chamado Ka. Seu nome Hórus mostra um par de braços. Ele foi sepultado numa tumba dupla (B7/9) que está localizada entre as sepulturas de outros reis da época pré-dinástica, no cemitério U.

Antes de Narmer ele é o rei mais bem registrado e pode até ser que tenha reinado sobre um Egito unido.

Seu nome foi encontrado tanto no alto quanto no baixo Egito, inclusive em Helwan, que era a necrópole de Mênfis. Portanto é possível que Mênfis tenha sido fundada até mesmo antes de Narmer e de Aha.

De acordo com Jimmy Dunn (e fontes citadas por ele em ligações externas), é preciso ter atenção com as listas que existem dos reis da Dinastia 0, como: rei Crocodilo, Iry-Hor, Ka, Escorpião e Narmer. Esses nomes e a ordem em que governaram não estão comprovadas e Narmer é considerado da 1ª dinastia.

Alto e Baixo Egito

Hedjet
Deshret

No final do período pré-dinástico, o Egito possivelmente já possuía ligações comerciais com outros povos, foram encontradas provas disso no Sinai e no sul da Palestina. Se a escrita também foi influenciada por outros povos não se sabe, podem ter havido invasões, talvez imigração, tudo aquilo que não deixa vestígios arqueológicos é suposição.

Portanto o que se tem é que da união dos nomos primitivos surgiram dois reinos:

o reino do Alto Egito, no Sul, tinha por capital Nekhen, como era chamada pelos egípcios, em grego o nome é Hieracômpolis, a cidade do falcão, seu soberano usava uma coroa branca, Hedjet.

O reino do Baixo Egito, no delta, fixou sua capital em Buto, seu soberano usava uma coroa vermelha, Deshret.

O mais provável é que esses dois territórios, alto e baixo Egito, tenham se unificado de maneira gradual devido até mesmo à uniformidade cultural do país, não há informação histórica precisa a esse respeito.

Da união entre o Alto e Baixo Egito é que vai surgir o grande império.



Faraós e como listá-los
desenho das insígnias dos faraós, bastão, mangual, uraeus

Os nomes dos faraós

Vamos começar pelo fato dos reis do Egito serem chamados de faraós, apenas pelos gregos e pelos hebreus. Os antigos egípcios não os chamavam assim.

O título Faraó se origina do egípcio Per-aa, que significa Casa Grande, palavra que designava o palácio. Durante muito tempo a palavra para designar o rei no antigo Egito era nesu, além dos muitos títulos que eles possuíam.

Por volta de 2500 a.C. os reis do Egito tinham cinco nomes. Os cinco títulos reais consistiam em quatro nomes que eram dados ao rei quando este subia ao trono e um quinto nome que era escolhido quando do nascimento do futuro rei.

Três desses nomes se referem ao papel do rei como um deus. Dois deles dão ênfase à divisão do Egito em duas terras, ambas sob o controle do rei.

O nome Hórus, desde os reis pré-dinásticos, era escrito dentro de um serekh, um retângulo que representava a fachada do palácio real, encimado pelo deus falcão Hórus. Ele aparece inclusive nas tumbas mais antigas feitas de adobe. Isso representa a crença de que o rei era o deus Hórus em forma humana na Terra. Os egípcios acreditavam que Osíris havia sido rei do Egito antes de morrer, portanto seu filho Hórus herdou seu reino.

a sua esquerda está Wadjet e a sua direita Nekhbet
as duas senhoras

O segundo nome é Nebty ou o nome das “Duas Senhoras”, é uma referência às deusas do alto e do baixo Egito, Nekhbet (representada pelo abutre) de El-Kab no alto Egito e Wadjet (representada pela cobra naja), de Buto no delta. As duas mais importantes cidades da fase pré-dinástica. O nome das Duas Senhoras ou “Ele que pertence às Duas Senhoras” colocavam o rei sob a proteção de Nekhbet e Wadjet, assim representando a união das duas regiões do Egito e a harmonia geográfica das duas terras na pessoa do rei.

O terceiro nome, o Hórus Dourado. As origens desse nome podem ser seguidas nas inscrições reais da primeira e terceira dinastias e também na Pedra de Palermo. Era simplesmente inscrita com o hieróglifo que significava ouro, Quando foi introduzida no período dinástico antigo, talvez simbolizasse a divindade do rei (o ouro era considerado eterno e se acreditava que a pele dos deuses era de ouro; o ouro portanto, era a representação da divindade). O ouro também simbolizava o sol nascente.

Pela metade do Médio Império, o nome Hórus, o título Nebty e o nome Hórus Dourado já não eram usados tão comumente quanto os dois últimos, o nome de trono e o nome de nascimento.

No Egito Dinástico, os reis foram distinguidos pelo uso do nome de trono, também chamado de nesu-bity.

O quarto nome, nome de trono ou nesu-bity, era “Senhor das Duas Terras” ou Rei do Alto e Baixo Egito, como foi usado mais tarde.

Esse titulo, literalmente, “Ele do caniço e da abelha” ou o aspecto dual do rei, deve ter simbolizado a natureza dupla, humana e divina que residiam no poder real. O caniço é o símbolo do Alto Egito e a abelha simboliza o Baixo Egito. Era usado quando da subida do rei ao trono e por volta da quarta dinastia foi invariavelmente incorporada ao nome do deus-sol Ra.

O quinto nome ou nome de nascimento, era usualmente precedido pelos títulos Sa-re ou Filho ou Ra, ou Neb-khau ou Senhor das Coroas.

  • Nome: Titulo
  • Nome de Hórus: Hórus
  • Nebty ou Duas Senhoras: Ele que pertence às Duas Senhoras(Wadjet e Nekhbet)
  • Hórus Dourado: Hórus Dourado
  • Nome de trono: Ele do caniço e da abelha (Rei do Alto e Baixo Egito)
  • Nome de nascimento: Filho de Ra
Filho de Rá

Por exemplo:

Ramsés III

  • Nome de Hórus: Kanakht Aanesyt
  • Nebty ou Duas Senhoras: Werhebusedmitatjenen
  • Hórus Dourado: Userrenputmiatum
  • Nome de trono: Usermaatre-meryamun
  • Nome de nascimento: Ramesses Heqaiunu
serekh do faraó Raneb, 2ª dinastia

O Serekh

É um retângulo estilizado que contém o nome Hórus dos faraós. É dividido em dois compartimentos, o de baixo representa a vista frontal do palácio, o de cima representa uma vista do pátio do palácio. Era, em geral encimado pelo falcão, que representa o deus Hórus, patrono da monarquia, embora dois dos reis da segunda dinastia (Peribsen e Khasekhemwy tenham incluído o deus Set ou trocado o deus).

Os modernos historiadores se referem aos reis do Egito por seus nomes e para distinguir aqueles que possuem o mesmo nome, colocam um algarismo romano. O Serekh foi usado, especialmente nos tempos pré-dinásticos e durante as primeiras três dinastias, depois foi substituído pelo cartucho (cartouche).

cartucho de Tutmósis III

O Cartucho

É a representação de uma corda oval que circunda o nome do faraó e é amarrada nas pontas. Dentro estão os hieróglifos que formam os nomes reais do faraó. Começou a ser usado na quarta dinastia sob o faraó Snefru. O antigo nome para o cartucho era shenu.

O cartucho substituiu o serekh, durante a quinta dinastia, Neferirkare começou a usar um segundo cartucho. O primeiro trazia seu nome de trono e o segundo seu nome de nascimento.

A palavra cartucho, usada em português, foi traduzida do francês cartouche, porque os soldados de Napoleão Bonaparte, quando invadiram o Egito acharam que aquele símbolo e os cartuchos de balas de suas armas, eram parecidos.

Como listar os faraós

Não sabemos quantos foram os faraós egípcios porque algumas vezes, quando o país ficou dividido houve vários reis ao mesmo tempo.

Nem sequer sabemos exatamente quantos foram os faraós e nem por quanto tempo cada um governou. Algumas dinastias foram descritas com precisão pelos escribas e as suas listas foram encontradas, enquanto que outras listas, sofreram danos que tornam difícil decifrá-las.

Algumas dessas listas sobreviveram até nosso tempo e são usadas para dirimir dúvidas. São elas:

pedra de Palermo

A Pedra de Palermo e outros fragmentos

A pedra de Palermo é um pedaço de parede com inscrições em ambos os lados, onde mostra eventos, na maior parte rituais, que ocorreram durante as primeiras cinco dinastias.

A parte maior desta parede é justamente a chamada Pedra de Palermo porque está na cidade do mesmo nome, na Itália.

Um segundo pedaço em tamanho e mais quatro pequenos fragmentos estão no Museu do Cairo (Egito) e há um pequeno fragmento na Universidade de Londres (Inglaterra). Não se sabe se todos os fragmentos são da mesma parede original. Nenhum dos pedaços contem partes ou uma cópia completa dos outros.

A parede original onde ficava a Pedra de Palermo devia medir aproximadamente 2,2 m. de comprimento por 0,61 m. de altura.

Em ambos os lados da pedra está inscrita uma lista de faraós do período pré-dinástico até o meio da quinta dinastia.

Acredita-se que ela foi inscrita justamente no meio da quinta dinastia. Alguns estudiosos acham que ela pode ter sido feita por partes em épocas diferentes e até mesmo ter sido atualizada regularmente (por causa do estilo dos hieróglifos). Outros acreditam que, pela maneira de inscrever na pedra, ela tem ligação com o estilo usado na vigésima-quinta dinastia, o que poderia indicar uma cópia, portanto quem copiou teria acesso aos arquivos originais.

Cânone Real de Turim

Também conhecida como Lista Real de Turim, é um papiro único, escrito em hierático, que hoje está no Museu de Turim na Itália.

Este papiro está fragmentado em, mais ou menos, cento e sessenta pequenos pedaços e muitos deles se perderam. Ele foi descoberto na necrópole de Tebas pelo viajante italiano Bernardino Drovetti em 1822 e quem primeiro percebeu sua importância foi o egiptólogo francês Jean François Champollion.

Presume-se que o papiro tenha sido escrito no reinado do faraó Ramsés II e não se sabe quantas páginas tinha, com uma lista de pessoas e instituições, tendo ao lado uma estimativa de impostos.

Mas, o que ele tem de realmente valioso é o verso, que na época não deve ter sido lá de grande importância para o escriba. Talvez tenha sido apenas um exercício para quem o escreveu, talvez fosse um estudante.

Acontece que, nos legou uma lista de deuses, semi-deuses, espíritos, reis míticos e humanos, que reinaram no Egito desde o início dos tempos até quando ele escreveu a lista.

De onde copiou, não se sabe. Aonde está o original, também não. Talvez ele tivesse acesso aos arquivos dos templos. Se esta listagem foi criada pelo próprio escriba então, ela é única.

Esta é uma lista especial porque agrupa os faraós mencionando a duração dos seus reinados com dia, mês e ano. Também inclui os nomes de faraós efêmeros e daqueles que reinaram sobre pequenos territórios. A lista menciona inclusive os governantes hicsos, indicando serem estrangeiros.

Lista de Mâneton

Não se sabe muita coisa a respeito de Mâneton, apenas que ele foi um sacerdote egípcio ou greco-egípcio, nascido em Sebenitos no delta do Nilo, e que viveu no Egito durante a trigésima dinastia (reinados de Ptolomeu I e II).

A importância de Mâneton vem do fato de ter escrito Aegyptiaca, uma coleção de três livros sobre a história do Egito antigo patrocinada por Ptolomeu II, que queria unir as culturas egípcia e grega.

Mâneton, sendo sacerdote, com certeza teve acesso aos arquivos do templo onde servia. É possível que nesses arquivos tenha encontrado desde tratados científicos até histórias mitológicas e assim muitas vezes temos uma grande mistura.

Contudo, seu trabalho deve ser considerado muito importante para o estudo da história do antigo Egito. Difícil é descobrir algo do trabalho original de Mâneton, porque este foi copiado e falsificado com intenções políticas e ou religiosas.

Autores como Josephus, Africanus, Syncellus e Eusebius fizeram listas que não combinam, seja na quantidade de faraós, seja na duração de seus reinados.

lista real de Abydos

Lista Real de Abydos

No templo de Abydos, na Sala dos Registros, Seti I e seu filho, o futuro Ramsés II, mostram os nomes de setenta e seis ancestrais, em cartuchos.

Não é uma lista tão confiável porque exclui governantes como Hatshepsut e Akhenaton. Também não lista os reis do segundo período intermediário.

Lista Real de Karnak

Uma lista de faraós desde os primeiros até Tutmósis III. Registra os nomes de muitos reis obscuros do segundo período intermediário. Hoje está no Museu do Louvre, em Paris.

Lista Real de Saqqara

Descoberta na tumba real do escriba Thunery em Saqqara. Originalmente possuía cinqüenta e oito cartuchos mas só restaram quarenta e sete. Registra de Anedjib, na primeira dinastia até Ramsés II e também omite os nomes do segundo período intermediário.

Papiro Westcar

O Papiro Westcar é chamado assim por causa do colecionador britânico Henry Westcar. Foi adquirido pelo egiptólogo alemão Richard Lepsius quando este visitou a Inglaterra por volta de 1838/39 e depois de sua morte foi doado ao Museu de Berlim.

cartucho do faraó Snefru

Este papiro contém uma coleção de contos que foi supostamente contada ao faraó Queóps pelos seus filhos. O estilo e a linguagem são típicos da décima segunda dinastia embora, o papiro seja da décima quinta dinastia. Esta é a única cópia que se conhece.

Através dele muitos se baseiam na ordem dos faraós da quinta dinastia. Infelizmente o inicio e o final do papiro se perderam, de modo que, não sabemos quantas histórias faziam parte do original.

A primeira história parece ser sobre um mago cujo nome se perdeu, e se passa no reinado de Netjerikhet, que no papiro é chamado Djoser. Alguns sugerem que esse mago poderia ser Imhotep (o arquiteto da Pirâmide de Degraus).

Da segunda história temos poucos pedaços, mas ela é passada no reinado de Nebka (seria ele Senakhte, o primeiro faráo da terceira dinastia?)

O fato desta história vir depois daquela de Netjerikhet é interessante porque tanto Mâneton como o cânone de Turim marcam Nebka como antepassado direto de Netjerikhet. No papiro Westcar ele está colocado entre Netjerikhet e Snefru (o primeiro faraó da quarta dinastia).

A terceira história é passada durante o reinado de Snefru, pai de Queóps; a quarta história se passa na própria corte de Queóps.

E a quinta e última história preservada é um conto sobre um mago, Djedi, que prediz as origens dos faraós da quinta dinastia : Userkaf, Sahure e Neferirkare Kakai. Eles seriam filhos de Raddjedet, a esposa do sumo sacerdote de Ra, Sakhebu, e se tornariam faraós, todos os três, um depois do outro.

Embora sejam contos, misturados com magia, os estudiosos também costumam usá-lo como fonte de pesquisa, por isso é citado.



Período dinástico antigo


3000-2650 a.C


É um período marcado por muitas dúvidas, por ser muito remoto e por não haver textos escritos ou povoamentos preservados, os estudiosos se debatem em teses e aguardam escavações que possam servir para adicionar algumas peças ao quebra-cabeças. Não há consenso, inclusive, com relação ao primeiro rei, àquele que deu inicio a 1ª dinastia.

Demarcar um período histórico é complexo e nesse caso, a única fonte de estudo são as necrópoles, infelizmente saqueadas durante incontáveis milênios, ainda são o que resta para estudo do período.

Para início do período dinástico antigo vamos partir da 1ª dinastia que tem como marcos a difusão da escrita e a fundação da cidade de Mênfis.

tumba de Narmer

Índice

As dinastias

Existem muitas controvérsias a respeito do fato de Narmer ter sido o rei que unindo os nomos fez do Egito um só país. É provável que Menés e Narmer tenham sido a mesma pessoa, as dúvidas que persistem são relacionadas às escavações feitas nas necrópoles U e B em Abidos.

Também existe a possibilidade de que esse faraó, chamado Menés ou Meni, ou Narmer, possa ter sido o rei Aha. É preciso que se entenda que os reis eram, sobretudo, conhecidos pelos seus nomes de Hórus e não pelos nomes de nascimento (que são utilizados nas listas de governantes, todas feitas posteriormente).

Como o solo, fértil em história, do Egito ainda poderá nos surpreender com novos conhecimentos, devemos apenas citar que é possível que antes de Narmer, algum outro rei possa ter sido soberano de um Egito unido. Mas, enquanto isso, o que temos é baseado num dos mais velhos registros conhecidos do Egito antigo, chamado Paleta de Narmer, mostra o Rei Narmer usando a coroa do Alto Egito de um dos lados (sujeitando um vencido ao que parece) e do lado oposto o mesmo rei marcha, em triunfo, portando a coroa do Baixo Egito. De onde se presume que é ele o unificador.

Paleta de Narmer,parte de trás
Paleta de Narmer,frente

Esse período engloba as duas primeiras dinastias, cujos reis veremos mais adiante, e foi para o antigo Egito uma fase de grandes conquistas, onde o país se afirma e adquire sua face conhecida através dos tempos.

Cidades importantes

Como já foi mencionado, a história egípcia é mais facilmente estudada através de seus túmulos, suas necrópoles. Assim pela riqueza e beleza das tumbas, se pode deduzir quais as cidades importantes em cada período, assim como inferir em que fase começou a decadência de um local e o crescimento de outro.

Não há consenso entre os historiadores a respeito do faraó que seria o responsável pela transferência da capital para Mênfis, mas independente da cidade de onde eles governavam , o fato é que após a unificação, nos primeiros séculos, o crescimento do Egito foi espantoso.

Mênfis, tenha sido ou não, fundada por Menés (Meni, Narmer, Aha), foi uma idéia inteligente porque foi construída no vértice do delta, próximo ao ponto onde o Baixo Egito e o Alto Egito se encontram. A partir dessa cidade, uns dezoito reis de duas dinastias consecutivas governaram, por cerca de quatrocentos anos.

Estátua do faraó Khasekhemwy
  • Naqada - Era a necrópole da cidade de Nubt, a cidade do ouro, assim chamada porque Nub deriva do termo egípcio para ouro e a cidade ficava próxima das minas de ouro.

Sua localização permite deduzir que era uma cidade importante pelo fato de ficar no final da rota de comércio do deserto oriental. Através do estudo de suas sepulturas é possível perceber que a cidade entrou em decadência mais tarde perdendo seu posto para Nekhen.

A cidade era devotada ao deus Seth de Nubt, nos Textos das Pirâmides inscritos nos blocos encontrados em Naqada, ele é chamado Nubty. O povo acreditava que Seth havia nascido em Naqada e estava ligado aos reis do período antigo, aparecendo inclusive na cabeça da maça do rei Escorpião. As rainhas da primeira dinastia recebiam o titulo de aquela que vê Hórus e Seth e o rei Peribsen da segunda dinastia enfatizou que Seth era seu protetor.

Foi ao norte da aldeia de Naqada que foi encontrada em 1895, uma mastaba primitiva, uma grande estrutura de tijolos que trazia em cada lado, uma fachada de palácio (como um serekh). Ali foram encontradas tabuinhas de marfim, selos de argila com os nomes dos reis Aha e da rainha Neithotepe.

Através do estudo dessas tumbas é possível saber o nível sócio econômico da cidade. Devemos acrescentar a descoberta de um fragmento, que hoje está no Ashmolean Museum de Oxford, que mostra o que foi interpretado como a representação da coroa vermelha do rei. O fragmento foi encontrado em Naqada e é um pedaço de um vaso grande vermelho com o acabamento superior em preto. Vermelho era a cor associada a Seth, o desenho lembra muito a representação da coroa vermelha que Narmer usa, tanto em sua maça como na paleta.

  • Buto – originalmente era duas cidades, Pe e Dep, que se transformaram numa só, a qual os egípcios deram o nome de Per-Wadjet.

A deusa Wadjet, protetora local, era representada por uma serpente e considerada padroeira de todo o Baixo Egito.

Serpente Wadjet

Desde o período paleolítico foi uma cidade muito importante e só começou a decair lentamente depois da unificação do país. As evidências arqueológicas mostram que a cultura do Alto Egito foi substituindo a cultura de Buto no Delta e isso é uma prova importante da unificação das duas terras formando uma só entidade, um só país.

Nessa fase, Wadjet se juntou a Nekhbet, que era representada como um abutre branco e tinha a posição de padroeira no Alto Egito, assim, juntas, elas se tornaram as padroeiras do Egito unificado. A imagem de Nekhbet se juntou à de Wadjet no Uraeus que circunda a coroa dos faraós do Egito unificado.

O templo de Wadjet, o Per-nu ou Per-neser significa Casa da Chama e a cidade ficou conhecida como Per-Wadjet que significa Casa de Wadjet (Uto) de onde deriva o nome Buto. (grego).

Hórus
  • Nekhen e Nekheb – Em geral essa área é chamada El Kab, mas na verdade são duas cidades muito antigas, Nekheb ou El Kab na margem leste do Nilo, e a velha Nekhen, agora chamada Kom El Ahmar (o Monte Vermelho) na margem oposta.

Nekhen, que ficou conhecida como Hieracômpolis seu nome grego, fica no Alto Egito, é a Cidade do Falcão. O deus principal da cidade era Nekheny, um falcão com duas grandes plumas na cabeça, que mais tarde foi assimilado a Hórus. As imagens mais antigas de Hórus (Her ou Har em egípcio) vêm dos hieroglifos e serekhs do período pré-dinástico.

Nekhen/Hieracompolis No local foram encontradas casas, templos, prédios administrativos e áreas dedicadas aos artesãos. Nekhen deve ter sido uma cidade muito importante nesse período e o local foi escavado por Quibell e Green de modo pouco adequado, afinal a arqueologia engatinhava. Não há grande documentação a respeito mas, eles encontraram uma espécie de sinal hieroglífico primordial com que se escrevia Nekhen.

Também foi em Nekhen que foram encontradas a Paleta de Narmer e a cabeça de maça, além da cabeça de maça do Escorpião. A maior parte dos artefatos foram descobertos num local chamado de Depósito Principal que deve ter sido um esconderijo, além dos objetos mencionados acima, havia paletas, objetos votivos, vasos de pedra.

Outro achado significativo e que depois foi perdido e até hoje não foi encontrado novamente é a Tumba 100 do cemitério pré-dinástico. Essa foi, ao que parece a primeira tumba egípcia a ser decorada com pinturas nas paredes mas sua localização hoje (2009) é desconhecida.

As escavações de 1970 e 1980 revelaram locais no deserto, fora da cidade inclusive um templo pré-dinástico.

As almas de Pe e Nekhen

As almas de Pe e Nekhen simbolizam as almas dos primeiros reis das duas cidades. São desenhados usando a máscara de Hórus por Nekhen e a máscara de Anubis por Pe. Eram venerados como espíritos ancestrais, possuindo grande poder. Ambos, Pe e Nekhen são respeitados como estrelas que, juntos formam uma escada que será usada pelo rei que acaba de falecer para subir aos céus.

Nekheb A deusa abutre Nekhbet pertencia a esta cidade e o seu templo era Per-wer, que significa Casa Grande. Provavelmente por causa da proximidade de Nekhen e sua ligação com o poder real, Nekhebet se tornou uma das deusas tutelares do Egito, junto com Wadjet. Ela passou a representar a Coroa Branca do Alto Egito, enquanto que Wadjet de Buto simbolizava a Coroa Vermelha do Baixo Egito. Não se sabe datar a origem desse conceito mas há evidências nos Textos das Pirâmides de que elas eram consideradas as mães do rei.

a deusa Nekhebet
  • Abidos ou Abedjou

Este local deve ter sido usado para agricultura e comércio no dinástico antigo, provavelmente a população era mais concentrada na parte norte e a fundação da cidade de Abedjou data de Naqada III.

É possível que houvesse vilas espalhadas pelo local e sua segurança e oferta de empregos, atraísse muita gente. A cidade se expandiu e se desenvolveu durante as primeiras seis dinastias.

A grande fama de Abidos vem do fato de ter sido a necrópole mais importante deste período e contem vestígios de todos os períodos da história do Egito. Foi o centro de culto de Osíris, senhor do mundo inferior. Na entrada do canyon em Abidos, que os egípcios acreditavam ser a entrada do submundo, uma das tumbas de um rei da 1ª dinastia foi confundida, milhares de anos mais tarde com a própria tumba de Osíris, e peregrinos deixaram ali suas oferendas para o deus durante outros milhares de anos. A área é chamada de Umm el Qa´ab, Mãe dos Potes.

porque Umm el-Qa´ab é chamada Mãe dos Potes

As necrópoles do pré-dinástico e do dinástico antigo estão localizadas no deserto e consistem de três partes: pré-dinástica cemitério U ao norte, cemitério B no meio, com as tumbas reais da dinastia 0 e do início da 1ª dinastia e ao sul o complexo de tumbas de seis reis e uma rainha da 1ª dinastia e dois reis da 2ª dinastia. Muitas tumbas da 1ª dinastia mostram as marcas de incêndios, outras foram saqueadas inúmeras vezes.

Em 1977 foi descoberto um pequeno selo de marfim que trazia a palavra nar, talvez o nome de Narmer.

As tumbas do período em questão, foram localizadas em Umm El Qa´ab, no total devem ter sido dez túmulos reais, mas apenas oito foram localizados, a saber: Djer, Djet, rainha-mãe Merneith são da 1ª dinastia; Den, Peribsen e Khasekhemwy são da 2ª dinastia.

A tumba do rei Khasekhemwy é dentre essas a mais elaborada, chamada Shunet Es-Zebib, também foram encontrados os restos de barcos ancestrais, datando da 1º dinastia.

Abidos foi usada como necrópole durante diversos períodos até mesmo no período Greco-romano.

mapa onde se vê Mênfis
  • Mênfis

Originalmente a cidade era chamada Ineb-Hedj, que significa Os muros brancos, Mênfis é seu nome grego. Durante o Médio Império foi chamada de Ankh-Tawy que significa Aquela que liga as duas terras.

No início Mênfis era uma fortaleza, de onde Menés (ou seja lá o rei que fundou a cidade) controlava as rotas terrestres e fluviais, entre o Alto Egito e o Delta. A história conta que Menés fundou Mênfis ao construir diques para proteger a área das enchentes do Nilo.

Os estudos sugerem que por volta da 3ª dinastia a cidade já era bastante grande. Ao longo da história do Egito, Mênfis se tornou centro administrativo e religioso, além de uma das cidades mais importantes do mundo antigo.

Hoje, é impossível imaginar como a cidade foi em tempos tão antigos, está completamente descaracterizada, talvez a antiga Mênfis esteja enterrada sob os campos cultivados, sob a lama do Nilo e as vilas que se espalham no local.

Através das necrópoles de Mênfis, textos e papiros de outras partes do Egito e mesmo relatos de Hérodoto que visitou a cidade, é que temos um pouco de uma história que deve ter sido muito rica. Como exemplo, os papiros do tempo de Akhenaton que relacionam Mênfis como local das padarias. Sabemos também que o decreto real rejeitando o culto de Akhenaton, editado por Tutankhamon, após a morte do primeiro, teve origem em Mênfis.

Na realidade a decadência da cidade que foi sempre tão importante para a história egípcia, se deu com a chegada dos gregos e com a crença no cristianismo.

Maat

Religiosidade e Poder

É importante compreender a base da religião egípcia para poder enxergar com um olhar egípcio, toda a grandeza dessa civilização.

Quando o Ser Divino cria o universo, emite o primeiro raio solar que afasta as trevas. Essa força é o casal divino Shu (deus da luz, sopro da vida) e Tefnut (deusa que encarna o calor).

Shu e Tefnut tem dois filhos: Nut a deusa do céu e Geb o deus da terra.

Geb se torna o primeiro rei do Egito, engravida sua irmã e nascem: Osíris, Isis, Seth e Néftis.

Osíris se torna rei do Egito e tem um filho com sua irmã Isis, chamado Hórus.

Osíris é assassinado por seu irmão Seth. Hórus cresce e vinga a morte do pai, assassinando seu tio Seth e tomando o trono do Egito.


Essa é a história dos reis divinos, depois dela, começa a história dos homens.

Dessa forma podemos compreender porque o rei do Egito é a encarnação do deus. Cabia a ele manter, no mundo real, o Maat, que são os princípios encarnados por Maat, a deusa da verdade e da justiça. Ela representava a harmonia do cosmos e da sociedade humana.

Portanto, sobre os ombros dos faraós, repousava a imensa responsabilidade de manter a prosperidade do país, protegê-lo dos perigos, zelar pelo bem estar e pela paz de seu povo, pois, ele era o deus!

Todas as artes e conquistas, em todos os aspectos da vida diária no Egito, temos bem marcada a ligação com os deuses. Na verdade, esses deuses eram muitos, tanto em forma de animais como uma mistura entre a forma humana e animal.

Com o advento da unificação dos nomos, alguns deuses prevaleceram sobre outros. Os sacerdotes tiveram que usar muita diplomacia e não se sabe que pressões mais, para agradar todas as tribos (isso não exclui guerras internas em alguns períodos).

É interessante notar que, embora Hórus e Seth sejam inimigos que lutam pela herança do país, o nome Hórus passou a ser o nome dos faraós, talvez apenas depois da segunda dinastia porque Peribsen usou em seu serekh o símbolo de Seth. Já o faraó Khasekhemwy se refere aos dois poderes, Hórus e Seth e usa os símbolos dos dois deuses com a inscrição Os dois senhores descansam nele. Poderia talvez significar um símbolo da paz entre os dois deuses.

deus Ra com cabeça de falcão

Para os egípcios, a morte significava um novo nascimento, mas não a reencarnação e sim uma nova vida num outro mundo, provavelmente celeste, onde o faraó seria recebido pelo deus sol depois de passar por certas provas. Assim também ocorria ao homem comum, que deveria cumprir uma série de condições para chegar à nova vida.

Considerado como criador do universo, o deus Ra talvez seja o deus mais famoso do panteão egípcio.Em algum momento houve uma sobreposição entre Ra e Hórus, de modo que temos incontáveis exemplos de Ra com cabeça de falcão.

hieroglifos, tumba de Seti I

Escrita

O fator primordial para o desenvolvimento de qualquer povo é a escrita, a criação de símbolos para registrar idéias.

A invenção da escrita deve ter ocorrido primeiro na Mesopotâmia, mas logo chegou ao Egito, onde podia ser considerada como uma arte. A forma primitiva de escrita egípcia, o hieróglifo ou escrita sagrada, jamais foi abandonada.

É importante lembrar que os egípcios já possuíam um tesouro chamado papiro, planta que além de decorativa servia para fazer desde velas de barco até sandálias, e principalmente a folha de papiro, base da escrita. As hastes de papiro chegavam a 3 metros de altura e bastava cortá-las e prepará-las para obter a folha perfeita para escrever.

No inicio, quase toda escrita era entalhada nas pedras, especialmente nos templos. Depois, com o papiro, a cultura egípcia se expandiu dando vazão a uma rica literatura.

Havia duas formas mais fluentes de escrita:

Papiro Edwin Smith em hierático
  • hierática – era uma forma simplificada da escrita hieroglífica e podia ser feita com rapidez, usando um pincel sobre a madeira ou uma pena de junco sobre o papiro.
  • demótica – ou escrita popular, que é um aperfeiçoamento da escrita hierática e é apropriada para ser escrita sobre papiros. Essa forma surgiu por volta de 700 a.C.

Graças à escrita a história do Egito foi preservada e hoje, o grande tesouro, o mais esperado em qualquer escavação é a possibilidade de encontrar novos textos, novas pistas para aprimorar o conhecimento.

exemplo de escrita demótica numa réplica da Pedra de Roseta

Não é possível deixar de mencionar aqui a famosa Pedra de Roseta, que permitiu que os hieróglifos fossem finalmente decifrados. Essa Pedra, é um bloco de granito negro e foi encontrado por um soldado do exército francês, no Egito em 1799. Gravado no ano de 196 a.C., no bloco há uma homenagem emitida pelos sacerdotes egípcios ao faraó Ptolomeu V Epifanes. A grande importância da Pedra de Roseta, é o fato desta homenagem ter sido escrita em três escritas diferentes: na hieroglífica, em demótico e em grego. Mesmo assim, Jean François Champollion levou 23 anos ainda, para decifrar a escrita egípcia.

Artes

Todas as manifestações artísticas no Egito surgiram por causa da religião, e estavam a serviço do faraó e do estado.

Acredita-se que a escultura surgiu em decorrência da necessidade de representar o morto para a eternidade. Muitas estátuas foram encontradas nos túmulos diante de uma porta falsa na parede, talvez para dar passagem à alma do morto.

A escultura também foi usada para representar os deuses

É claro que com o decorrer do tempo, os egípcios foram aprimorando essa arte até construírem os colossos que veremos mais tarde.

estela de Intef II

Ainda na primeira dinastia os egípcios já dominavam a arte de trabalhar com madeira, fabricavam arcos, flechas, dardos, bengalas e cetros de toda espécie e ainda instrumentos musicais, o clima quente e seco do país preservou esses trabalhos para os estudos atuais.

O estilo artístico do povo egípcio sofreu muito poucas mudanças ao longo de mais de 3000 anos de história, possuíam um grande respeito pelo equilíbrio e pela ordem que podiam vislumbrar na natureza.

Alguns complexos funerários de Abidos e Saqqara foram construídos durante as primeiras dinastias e os hieróglifos já os enfeitavam e contavam para a posteridade as histórias em que hoje os estudiosos se baseiam para estudar a civilização egípcia.

A pintura não tinha profundidade, o tronco da pessoa representada ficava sempre de frente para o observador enquanto a cabeça, as pernas e os pés eram vistos de perfil. Usavam cores e representavam as pessoas mais importantes em tamanho maior, as figuras iam diminuindo de acordo com a sua importância. As figuras femininas eram pintadas de ocre e as masculinas de vermelho.

Deste período temos poucos exemplos de jóias mas sabemos até mesmo pelos afrescos que a ourivesaria já era uma arte de muita importância. Na tumba de Khasemkhemwy foram encontrados potes para bálsamo com tampas de ouro trabalhadas, uma pulseira de ouro laminado e um cetro trabalhado de pedras e ouro.


Civilização Egípcia/Período dinástico antigo/Dinastias do Período dinástico antigo

Dinastias 1 e 2


Faraós da primeira dinastia

A lista abaixo certamente não está completa, nem da primeira nem das outras dinastias, longe disso, porque há muitas controvérsias a respeito.

Na listagem de faraós, Narmer, chamado o unificador do Egito, surge como rei do período pré-dinástico ou dinastia 0 ou dinastia de Naqada. Mas, ele também pode ser o primeiro rei da primeira dinastia. Vamos colocá-lo então na primeira dinastia, uma vez que, do período pré-dinástico não temos uma lista de reis confiável.

Muitas vezes a grafia dos nomes dos faraós é diferente, depende da fonte até mesmo pelo desconhecimento da pronúncia, alguns estudiosos usam os nomes gregos retirados da lista de Mâneton.

estátua de babuíno com o nome Narmer
  • Narmer
  • Aha
  • Hórus Djer
  • Hórus Djet
  • Hórus Den
  • Hórus Anedjib
  • Hórus Semerkhet
  • Hórus Qaa


  • Narmer (Narmeru, Merunar, Meni)

Esse rei é tido como o unificador do Egito, se tornando o verdadeiro faraó. Também é possível que Narmer tenha começado a unificação e Menés (?) a tenha terminado. Para confundir mais um pouco, alguns estudiosos acreditam que o rei Escorpião pode ter sido Narmer, mas não há nenhuma evidência ou prova para essa teoria.

A teoria mais comum é de que Narmer na verdade, seria Hor-Aha, embora a lista de antigos reis encontrada nas tumbas dos faraós Den e Qa´a, da primeira dinastia registre Narmer como fundador da dinastia e registre também Hor-Aha. Menes não é mencionado em nenhuma lista.

Acredita-se que ele casou com uma princesa do Baixo Egito chamada Neithotep, cujo nome aparece em inscrições nas tumbas que se presume sejam de Hor-Aha e de Djer. De onde se deduz que ela poderia ser a mãe ou mesmo a esposa de Hor-Aha, nada está definido, até pela antiguidade e dificuldade de pesquisa.

Alguns objetos de seu reinado já foram encontrados, como fragmentos de cerâmica e selos na tumba de Den em Abidos. O nome de Narmer e do seu possível antecessor, Escorpião, foram encontrados em cerâmicas descobertas em Minshat Abu Omar ao leste do Delta. Também foi recuperada uma estátua de um babuíno com o nome nome de Narmer, a cabeça de maça e a paleta.

São atribuídas a esse faraó, as tumbas B17 e B18 (são ligadas entre si) em Umm El-Qa´ab, Abidos.

Heródoto o nomeia Min, mas isso é passível de dúvida.

Antes de falar sobre o faraó Aha vamos fazer um comentário sobre Menes:

Menes pode ter sido o próprio Narmer ou seu successor. Talvez filho da rainha Neithotep, que tomou como segundo nome real Men, que significa estabelecido, o que deu origem ao nome Menes. O fato é que existe um selo de marfim vindo da tumba da rainha Neithotep em Naqada, que mostra o nome Hor-Aha com o nome Men na frente. Afinal é impossível ter certeza porque se está discutindo o nome de um homem que viveu por volta de 5 000 anos atrás. É preciso ter em mente que a maior parte da história que sabemos a respeito de Menes foi escrita mais de 250 anos depois de sua morte.

Pode ser que novas descobertas nos permitam saber mais, porém é praticamente impossível acreditar que um dia, vamos descobrir quem foi, de fato, Menes.

fragmento de vasilha de faiança com o nome Aha
  • Hor-Aha (o falcão lutador)

Pode ter sido o filho de Narmer e sua rainha Neithotep. Na tumba da rainha, ele está representado, num fragmento de marfim, fazendo a cerimonia de união do Alto e Baixo Egito.

Tomou o nome de trono de Men (estabelecido) e fragmentos encontrados em tumbas de reis do período, se referem a rebeldes na Núbia e campanhas militares fora do Egito.

É possível que tenha erigido o Templo da deusa Neith (parte do nome de Neithotep sua provável mãe) em Sais. Também pode ter sido ele quem fundou Mênfis (Men Nefer que significa estabelecida e bela).

Lendas contam que ele morreu atacado por um hipopótamo. Foram encontradas tumbas para o rei Hor-Aha tanto em Saqara quanto em Abidos e, embora não fossem decoradas e tivessem sido saqueadas e destruídas pelos ladrões e pelos escavadores (não havia ainda nada que lembrasse a arqueologia de hoje), alguns selos e fragmentos foram recuperados.

Acredita-se hoje que Hor-Aha foi sepultado em Abidos, que é considerado o local real. Numa pequena tumba próxima foram encontrados selos onde estava escrito Berner-ib (querida) que talvez fosse referência a sua rainha e que também aparecem na tumba da rainha Neithotep.

Alguns estudiosos sugerem que Neithotep poderia ter sido sua esposa, e que eles casaram para cimentar a aliança entre o Alto e Baixo Egito. Certamente Hor-Aha veio do Alto Egito e Neithotep veio do Baixo Egito, mas não há provas de seu relacionamento familiar. De qualquer maneira o filho desse faraó, seu sucessor, Djer, era filho de uma outra esposa secundária.

Nomes:

  • Mâneton o chama Menes o primeiro rei ou Athothis, na lista dele o segundo rei.
  • Heródoto o chama Min (há dúvidas)
  • Nome de Hórus - o falcão lutador
  • Listas de reis – Men, Meni, Teti, Ity
  • Djer (Hórus que socorre)

Era, provavelmente, o rei que Mâneton chama de Athothis e descreve como sendo um grande estudioso, porque escreveu textos de anatomia que ainda eram usados na época do domínio grego.

Fragmentos de selos em marfim vindos de Abidos relatam viagens a Sais e Buto, no Delta.

Presume-se que sua tumba seja a de número 0 em Abidos, que é uma das maiores e mais complexas da 1ª dinastia. No inicio do século XX, Flinders Petrie descobriu tumbas das primeiras dinastias e, na tumba de Djer foi encontrado um braço de mulher cortado e envolvido com panos de linho, decerto abandonado por um ladrão. Dentre as bandagens havia quatro pulseiras de ouro, ametista e turquesa, um magnífico trabalho de ourivesaria que deveriam pertencer a uma rainha ou princesa.

O faraó Djer também construiu duas mastabas em Saqqara e um templo para a deusa Neith em Sais.

Inscrições em Wadi Halfa registram uma campanha military na Núbia e talvez ele tenha feito também campanhas na Libia e no Sinai. Talvez tenha feito até mais, militarmente pois um dos anos de seu reinado foi chamado de O Ano da Destruição da Terra de Setjet (Siria-Palestina). Essa atividade militar torna Djer, o primeiro faraó a registrar campanhas militares fora das fronteiras egípcias.

Poderoso e inteligente, Djer, infelizmente está ligado a sacrifícios humanos. Um selo de madeira encontrado em Saqara traz seu nome, junto de uma cerimônia que parece estar ligada a sacrifícios humanos e sua tumba em Abidos está rodeada de sepultamentos de trezentos serviçais que foram enterrados ao mesmo tempo que o faraó.

Não se pode afirmar mas também não há outras explicações para o fato.

Nomes:

  • Mâneton o chama de Athothis (embora alguns digam que ele era Kentekenes)
  • Listas de reis – Meni, Teti, Iti.
Estela de Djet no Louvre
  • Djet (Hórus cobra ou Hórus que ataca)

É muito provável que fosse o filho de Djer, embora não existam evidencias de que a rainha Merneith tenha sido sua esposa, é praticamente certo que ela foi a mãe de seu sucessor, Den.

Este faraó deixou poucos registros de sua existência, a não ser por sua tumba em Abidos, onde foi encontrado um belo serekh trazendo o nome do rei. Parece que sua tumba (juntamente com outras da mesma dinastia) foi queimada intencionalmente em algum ponto da história do Egito e mais tarde foi recuperada por causa da associação ao culto de Osíris.

Nomes:

  • Mâneton o chama Wenefes
  • Nome de Hórus - Hórus que socorre
  • Listas de reis – Itiu, Itiui, Ata, Iti

*Rainha Merneith (a amada de Neith)

Ummal-qaab.png

Uma das personagens mais discutidas do período dinástico antigo. De certo ela foi a mãe de Hórus Den, conforme se vê num selo encontrado na tumba T de Umm El Qa´ab. Seu nome está ao lado do nome de Den e é possível que ela fosse a esposa de Djet.

Sua tumba em Abidos (Y) fica perto da de Djet (Z), do lado de fora desta tumba foi encontrada uma estela, em 1900 por Fliders Petrie, que, a principio se acreditou fosse de um governante masculino.

A mastaba 3503 em Saqqara é a única que pode ser, de fato, atribuída a ela, os selos trazem o nome de Den.

Se de fato ela reinou, foi a primeira mulher a governar o Egito, não se sabe se governou sozinha ou se junto com Djet (caso ele fosse seu marido) e depois da morte dele ficou como regente do filho Den.

Seu nome não consta das conhecidas listas de reis, além da lista de Den, mas Mâneton registra oito faraós na 1ª dinastia, o que confere se adicionarmos Merneith, mas não fica correto se Narmer for o primeiro rei da 1ª dinastia.

De qualquer maneira não há um serekh que possa atestar sua posição como governante, se ela está na lista de Den, uma lista similar datada do reinado de Qa´a omite a rainha.

  • Den (Hórus que golpeia)

Foi um dos governantes mais importantes deste período. Seu reinado é marcado por um grande desenvolvimento na arquitetura funerária e pelo progresso do estado, na administração, economia, artesanato, religião. Mais de 30 mastabas foram erguidas em Saqqara e Abu Rawash durante o seu reinado, por funcionários de todos os tipos, isso é sinal de uma administração próspera e forte.

Hórus Den

Assim como Djer, parece que Den também foi médico e um dos estudos que se acredita seja de sua autoria, versa sobre o tratamento de fraturas.

Den está registrado em numerosos objetos e fragmentos. Um selo de marfim encontrado em Abidos, mostra Den atacando um prisioneiro asiático. Seu nome aparece no serekh encimado por Hórus, mas há na frente da cena a representação de Seth como animal (chacal).

Este faraó foi o primeiro de uma série de eventos como, o primeiro a adotar o nome Nebty ou Duas Senhoras, o primeiro a ser representado usando a coroa dupla, o primeiro a incorporar uma longa escadaria em sua tumba e foi o criador da posição de vizir para o Baixo Egito (ocupada por um homem de nome Hemaka, cuja tumba, muito rica, está em Saqqara). Também é creditado a ele o primeiro censo no Egito, contando todas as pessoas do norte, leste e oeste para determinar os impostos.

Nomes:

  • Mâneton o chama Usaphaidos
  • Listas de reis - Septi, Semti, Kenti, Udimu
  • Nome de Hórus - Hórus que golpeia
  • Nome Nebty - Nebty Khasti, Nebty Chasti, Nebty, o homem do deserto
  • Anedjib (valente é o seu coração)

Assim como seu pai, Den, este faraó também usou a coroa dupla que representa o poder sobre as duas terras, o Alto e o Baixo Egito. Porém, há dúvidas se ele de fato controlou o norte do país, há evidencias de rebeliões.

Como maneira de legitimar seu poder, ele começou a usar o título Os Dois Senhores, talvez para reforçar o fato de reinar sobre todo país ainda que o povo se dividisse entre Hórus e Seth. Esse título reúne os dois antagonistas na pessoa do rei.

Anedjib casou com a rainha Betrest que era descendente da linha de reis menfitas, o que deu a ele a legitimidade. Pode ser que ele não fosse filho legítimo de Den, então precisasse casar com uma princesa de sangue real. Há teorias de que ele foi um usurpador e por esse motivo, seus monumentos tiveram seus títulos e nome raspados pelo seu sucessor.

Nomes:

  • Mâneton o chama Meibidos, Neibais, Miebis, Miebidos
  • Nome de Hórus - Valente é o seu coração
  • Nome Nebty - Nebty Mer... ou Mer-spt-bja
  • Listas de reis – Merbap, Mer-bja-pen, Mer-bja-pe
selo em marfim de Semerkhet
  • Semerkhet (amigo considerado ou companheiro dos deuses)

De acordo com as anotações de Mâneton, Semerkhet deve ter enfrentado muitos problemas, mas ele alega que isso ocorreu porque este faraó era um usurpador. Não existem indícios de que isso seja verdade porque ele consta da lista de reis, mas o certo é que ele raspou nomes anteriores e mandou inscrever seu próprio nome no lugar.

Sua tumba é bem maior que a de seu antecessor, Anedjib, e é o único dos primeiros reis que não tem uma mastaba correspondente em Saqqara (ou pelo menos ela ainda não foi encontrada), pode ser porque seus ministros e oficiais sobreviveram a ele e permaneceram servindo ao faraó seguinte.

Nomes:

  • Mâneton o chama Semempses, Mempses
  • Nome de Hórus - amigo considerado, companheiro dos deuses
  • Nome Nebty – Iri (não confirmado) um símbolo que pode ser lido como Aquele que guarda ou ainda Aquele a quem as duas senhoras guardam (ele pode ter sido sacerdote antes de ser faraó).
  • Listas de reis - Semsem, Hu, Semsu
Estela de Qaa
  • Qa´a (seu braço está erguido)

É considerado o último rei da 1ª dinastia e como já se sabe existem poucas informações a seu respeito. O que temos vem de sua tumba em Abidos e sepultamentos em Saqqara. Um selo com uma lista de todos os reis da 1ª dinastia (não consta Merneith) foi encontrado em 1990 e ajudou a ratificar os reis desta dinastia.

As escavações feitas por alemães em 1990 também foram bem sucedidas em encontrar objetos que haviam passado despercebidos pelas buscas mais antigas. Na tumba havia duas estelas funerárias com o nome do rei. Dentro da tumba encontraram o nome de Hotepsekhemwy o rei seguinte, de modo que, se acredita que tenha sido ele a terminar o túmulo após a morte de Qa´a.

Este faraó foi o último a ser sepultado junto com serviçais, em sepultamentos conjuntos.

Nomes:

  • Mâneton o chama Bieneches
  • Nome de Hórus - seu braço está erguido
  • Nome Nebty – sn nb.tj, Sen-Nebti, Irmão das Duas Senhoras
  • Listas de reis - ...beh (incompleto), Qebeh, Qebehu

Faraós da 2ª dinastia

É estranho descobrir que há menos registros sobre os reis da 2ª dinastia do que sobre os reis mais antigos. Os primeiros reis dessa dinastia são praticamente desconhecidos, conhecemos seus nomes e nada mais do seu reinado. Os nomes Hotepsekhemwy, Raneb e Ninetjer foram inscritos na parte de trás de uma estátua (hoje no Museu de Antiguidades Egípcio) de um sacerdote chamado Hotep-dif (ou talvez Redjit).

Os mais tardios já são mais bem documentados, mas além de Peribsen e Khasekhemwy, não temos túmulos, nenhum grande sepultamento e não há fontes confiáveis, um dia talvez, uma nova descoberta nos apresente a esses reis que mal conhecemos.

É possível que durante essa dinastia, no reinado de Ninetjer, o Egito tenha novamente se dividido, assim haveria dois ou mais reis no Alto e Baixo Egito. Pode ser que a rivalidade entre Hórus e Seth tivesse continuado, com os seguidores de cada deus lutando entre si, partindo o país. Há indicações de que assim ocorreu e de que tenha sido Peribsen, o rei a unir novamente o Egito, como veremos abaixo.

pote da tumba de Khasekhemwy
  • Hotepsekhemwy
  • Raneb ou Nebra
  • Ninetjer
  • Peribsen
  • Khasekhemwy


  • Hotepsekhemwy (os dois poderosos estão em paz)

Não se sabe como ele chegou ao poder, é possível que através do casamento, portanto ele seria genro de Qa´a.

Dentre as histórias a respeito de Hotepsekhemwy, através de seu nome de Hórus já se pode deduzir que os dois poderosos (Hórus e Seth) ainda dividiam a sociedade e a política, mas deveriam ter se acalmado. Além disso, ele teve problemas com um terremoto em Bubastis, no Delta e com seu irmão, que estava liderando uma revolta para se apropriar do trono (caso se confirme que o sucessor tomou o poder graças a um golpe militar, seria o irmão).

Foi esse rei quem mudou a tradição dos sepultamentos, abandonando a necrópole de Abidos e construindo seu túmulo em Saqara, afinal Saqara era uma grande necrópole de Mênfis, a capital. A mudança pode ter sido uma jogada política mas, de fato, ele construiu um novo tipo de tumba, um complexo de galerias subterrâneo cortado na rocha, com mais de vinte câmaras. Sua tumba foi encontrada por acaso em 1902, estava praticamente vazia mas, o nome do rei foi encontrado em diversos lugares. Não se sabe se havia alguma edificação sobre a tumba uma vez que foi encontrado somente o complexo subterrâneo. Imagina-se que não havia nada em cima, porque uma parte das galerias fica sob a Pirâmide de Unas (5ª dinastia) portanto é de crer que os construtores da pirâmide não sabiam que havia algo embaixo.

Na tumba de seu antecessor Qa´a foi encontrado o nome de Hotepsekhemwy, poderia ter sido ele a terminar a tumba do pai ou do sogro.

cilindro de osso com o serekh de Hotepsekhemwy

Foram encontrados selos de Hotepsekhemwy e de seu successor Raneb, não se sabe se os selos de Raneb foram ali colocados quando do fechamento do túmulo ou se a tumba foi usurpada por Raneb.

A tumba foi medida, depois fechada e assim permanece.

Nomes:

  • Mâneton o chama Boethos, Bochos, Bochus
  • Nome de Hórus – Os dois poderosos estão em paz
  • Nome Nebty – As duas senhoras estão satisfeitas
  • Hórus dourado - desconhecido
  • Nome de trono - Hotepsekhemwy
  • Nome de nascimento - Bedjatau
  • Listas de reis - Bedjataw, Bedjaw, Baw-netjer, Neter-Bau
  • Raneb ou Nebra (o senhor do sol)

Não sabemos se o antecessor era seu pai ou seu irmão, mas parece que Raneb deu um golpe militar e tomou o poder, nesse caso ele poderia ser o irmão de Hotepsekhemwy.

Podemos observar que ele foi um dos primeiros, senão o primeiro, a incorporar o nome do deus sol Ra ou Re em seu nome, tradição que seria seguida pela maioria dos faraós. O nome Nebra ou Raneb significa Ra é meu senhor ou o senhor do sol, em qualquer um dos casos ele começou a cultuar o deus sol Ra ainda que, como conta Mâneton, ele tivesse introduzido o culto ao sagrado bode de Mendes.

Uma estela de granito encontrada em Mit Rahina (perto de Mênfis) faz com que a maioria dos pesquisadores acreditem que seu túmulo está em Saqara. A estela deveria ter ficado do lado de fora de sua tumba, que deveria ficar nas grandes galerias sob o complexo funerário de Djoser. Seu nome

estela de Raneb

apareceu numa tumba muito complexa, que pertence ao faraó anterior e também foi registrado na estatueta do sacerdote comentada anteriormente e até num grafiti próximo a Armant, no deserto, perto de uma rota de comércio que ligava o Nilo ao oásis do oeste.

Nomes:

  • Mâneton o chama Kaiechos, Kaichoos, Choos, Chechous
  • Nome de Hórus - o senhor do sol, Ra é o senhor
  • Nome Nebty - desconhecido
  • Hórus dourado - desconhecido
  • Nome de trono – deve ter sido Raneb, Reneb ou Nebra, Nebre
  • Nome de nascimento - Kakaw, Kakau
  • Listas de reis - Kawkaw, Kaukau
  • Ninetjer (aquele que pertence ao deus)
serekh de Ninetjer

É um faraó bastante conhecido e atestado. Reinou a partir de Mênfis. A maior parte dos registros a seu respeito estão gravados na Pedra de Palermo.

O nome de Ninetjer está escrito sobre os eventos anuais, festivais e cerimônias a que ele compareceu, mas também é encontrado em diversas mastabas de Saqara, que provavelmente pertenceram a seus funcionários.

Três belas tumbas na necrópole da elite, no norte de Saqara, contêm selos de Ninetjer, assim como na necrópole de Heluã (Helwan). Foram encontrados cinco tipos diferentes de tampas de jarras com o símbolo do rei numa grande mastaba perto de Giza.

Em Abidos, foi encontrado o nome de Ninetjer, num fragmento de pedra, na tumba de Peribsen (um rei que veio mais tarde). Também seu serekh está inscrito num vaso de pedra, ao lado de Hotepsekhemwy encontrado na Pirâmide de Degraus.

É possível que um rei de nome Weneg e Ninetjer sejam a mesma pessoa, Weneg não poderia ter reinado antes dele, porque na estátua do sacerdote os nomes dos três faraós são os três primeiros da dinastia.

Sua tumba em Saqqara é pequena e parece que não foi terminada, foi como se o trabalho tivesse parado quando o faraó morreu e então, foi selada. Essa tumba é próxima à de Hotepsekhemwy e continha centenas de múmias que devem ter sido colocadas lá por falta de outro local. Não há certeza de que seja a tumba de Ninetjer.

No final de seu reinado houve problemas sérios, talvez uma guerra civil. A Pedra de Palermo registra o ataque de várias cidades, incluindo uma, cujo nome significa terra do norte ou Casa do Norte (outra cidade era Shem-Re). Alguns interpretam isso como um registro de que Ninetjer tenha debelado uma rebelião no Baixo Egito, no norte.

Infelizmente a Pedra de Palermo termina no 19º ano do seu reinado, mas há evidencias de que ele governou por mais tempo. Na Coleção Georges Michailides há uma estátua de alabastro do faraó Ninetjer que não se sabe a procedência mas é uma bela obra de arte, o primeiro exemplo de estátua com três dimensões, completa.

É possível que o sucessor de Ninetjer não tenha sido diretamente Peribsen, talvez tenha havido alguns outros governantes entre os dois (Weneg, Sened and Nubnefer), que podem ter governado todo o Egito ou dividido o poder.

Nomes:

  • Mâneton o chama Binothris, Tlas, Biophis
  • Nome de Hórus - aquele que pertence ao deus
  • Nome Nebty - Ninetjer Nebti
  • Hórus dourado - Ren Nebu
  • Nome de trono - desconhecido
  • Nome de nascimento - desconhecido
  • Listas de reis - Ba-en-Netjer , Ba-netjeru, Banteru, Netern
  • Peribsen (esperança de todos os corações)
o nome de Per-ib-sn no serekh com o chacal

Como já foi visto, havia uma batalha constante entre os adoradores de Hórus e de Seth, era algo como a batalha entre o Bem e o Mal com a intenção de governar o Egito. Mas Seth não deve ter sido assim tão terrível, é que no curso da história, Hórus venceu e o perdedor é sempre visto de maneira ruim.

Em diversas etapas da História do Egito vamos ver conflitos entre o norte e o sul, representados pelos dois deuses e sempre uma batalha para manter ou tornar o Egito um só país. Isso torna Peribsen notável, porque foi provavelmente, o primeiro faraó a quebrar uma das regras religiosas mais importantes do Egito – ele trocou o nome Hórus por Seth, e talvez tenha sido o primeiro reformador da religião no país.

É possível que ele tenha se tornado rei após uma guerra civil, talvez mesmo contra Sened e seus sucessores (que constam em algumas listas de reis mas não são confiáveis). Assim Peribsen teria unido novamente o país e se tornado o único governante.

estela de Peribsen

Ele subiu ao trono como Sekhemib, que significa poderoso é o seu coração. Depois ele associou seu nome ao deus Seth e se tornou Seth-Peribsen. Há dúvidas se houve uma reforma religiosa, se houve uma guerra interna que os aliados de Seth venceram ou se apenas esse faraó mudou seu nome como jogada política no intuito de assegurar a ordem e a paz no país.

É quase certo que tenha havido conflitos que foram pacificados pelo successor Khasekhemwy, porque este traz em seu serekh ambos os deuses, o chacal de Seth e o falcão de Hórus.

Este faraó não deve ter governado imediatamente após Ninetjer, talvez tenha havido outros reis entre eles. Sabemos que ele governou as terras até Elefantina graças a selos encontrados com seu nome, aparentemente foi erguido um templo dedicado a Seth nessa ilha. A pequena tumba (P) em Abidos atribuída a Peribsen é uma construção quadrada e tradicional, não há sepultamentos em volta, apenas duas estelas com o nome do rei.

Peribsen foi o primeiro rei a inscrever seu nome num cartucho que foi encontrado num selo cilíndrico em Saqara.

Nomes:

  • Mâneton o chama Sethenes, Sened
  • Nome de Hórus - Sekhemib coração poderoso, Hórus Sekhemib, Per-en-maat Hórus, coração poderoso, aquele que vem da ordem cosmológica

Mudou o nome Hórus para Seth Peribsen – esperança de todos os corações

  • Nome Nebty - Nebti Sekhemib Per-en-maat e depois Nebti Peribsen
  • Hórus dourado - desconhecido
  • Nome de trono - desconhecido
  • Nome de nascimento - Sekhemib
  • Listas de reis - Peribsen
Khasekhemwy, serekh com os dois animais
  • Khasekhemwy (os dois poderosos surgiram)

Este faraó é colocado como o sucessor de Peribsen, embora Mâneton registre três reis entre eles, Sendji, Neterka e Neferkara. O fato é que não há nenhuma evidencia que comprove a existência desses reis. Assim também, há quem pense que Khasekhem foi um antecessor de Khasekhemwy.

Na verdade, este é um faraó bastante bem registrado e, na falta de provas a respeito de reis anteriores vamos partir do fato que, Peribsen (seu antecessor) enfrentava revoltas, talvez uma guerra civil. Parece que ele não conseguiu controlar o país por inteiro, porque Khasekhemwy enfrentou e debelou uma grande rebelião. Portanto foi ele quem terminou o trabalho de Peribsen em unir o Egito.

Após reunir o país outra vez, talvez ele tenha mudado o seu nome de Khasekhem para Khasekhemwy que significa os dois poderosos surgiram. Pela primeira e única vez na história do Egito temos um serekh ostentando os dois animais sagrados: o falcão de Hórus e o chacal de Seth.

O faraó deve ter usado os dois deuses como um ato político, um ato de reconciliação e de união do país, ele não escolheu nenhum dos lados escolheu os dois.

É provável que ele tenha casado com uma princesa do norte chamada Nemathap (Nimaatapis) para selar a união do Egito. Esta princesa está registrada em tampas de jarras como, aquela que gesta o rei. É possível que ela tenha sido a mãe dos três primeiros reis da 3ª dinastia, incluindo Djoser.

Foi encontrado um vaso de pedra onde está gravado o ano da luta contra o inimigo, direto da cidade de Nekhet. Parece que houve uma batalha feroz e dramática entre as duas terras (o norte e o sul). Na base de duas estátuas de Khasekhemwy há uma inscrição dizendo que 47 209 pessoas do norte foram mortas, considerando a pequena população do Egito na época, podemos imaginar uma luta terrível.

Depois da unificação o faraó mudou a capital para Nekhen (Hieracômpolis) e esta foi a primeira e única vez em que o Egito foi governado a partir desta cidade.

Khasekhemwy deve ter sido um grande comandante militar porque há registros de campanhas suas até Biblos na Síria, é o primeiro faraó a ter seu nome registrado nesse local.

No Egito ele fez obras que ainda existem, logo após a unificação. Foram muitas construções em pedra em Nekhet, Nekhem e Abidos.

Sua tumba, em Abidos foi a última tumba real construída nessa necrópole (tumba V). Ela é uma mistura entre as mastabas do norte e as construções quadradas do sul, seria uma diplomática mistura de ambas. Sua área é dividida em 58 câmaras e nela foram encontrados alguns objetos esquecidos ou abandonados pelos ladrões de tumbas. O cetro real feito de coralina negra e ouro, belos potinhos com tampa de ouro em formato de folha. Flinders Petrie fez um inventário do número de objetos que foram removidos da tumba durante as escavações de Amelineau (definitivamente a arqueologia na época não era nada séria). Havia ferramentas e vasos de cobre, vasos de pedra e de cerâmica cheios de grãos e frutas, objetos vitrificados, contas de cornalina, trabalhos de cestaria e uma grande quantidade de selos.

Próximo a Nekhen (Hieracômpolis) fica uma imensa construção chamada A Fortaleza que embora destruída hoje em dia, deve ter sido impressionante, não se sabe para que o faraó a construiu. A oeste, em Saqqara há uma área delimitada muito grande e retangular chamada Gisr El-Mudir, que já foi escavada nos anos 90, não há registros de prédios em seu interior e nem se sabe para que foi delimitada.

Finalmente temos Shunet el-Zebib, não muito longe de Abidos, que foi construído sobre uma área delimitada mais antiga. É uma espécie de palácio com um muro duplo de tijolos e parece ter sido o precursor da pirâmide de degraus, porque há no centro uma espécie de elevação. Não se sabe para que foi construído, pode ter sido como túmulo, mas em escavações mais recentes (1991) foram encontrados em volta do muro 14 buracos contendo barcas. Devido ao seu estado muito frágil, por serem de madeira e muito antigas foram novamente cobertas.

As ligações entre Khasekhemwy e Djoser, seu sucessor devem ter sido de pai e filho, uma vez que foram encontrados muitos selos de Djoser no túmulo de Khasekhemwy e foi Djoser o responsável pelos ritos mortuários do faraó.

Nomes:

  • Mâneton não menciona esse rei
  • Nome de Hórus - Khasekhem , Hórus o poderoso surgiu;

*Este é o único rei a possuir um nome Hórus-Seth - Khasekhemwi, Nebwi-hetep-imef Hórus e Seth, os dois poderosos surgiram e os dois senhores estão em paz nele

  • Nome Nebty - Nebti Khasekhemwi, Mebwi-Hetep-Imef, também Nebti Khasekhemwi Nebu-khet-sen, as duas senhoras, os dois poderosos surgiram, seus corpos são de ouro
  • Hórus dourado – desconhecido
  • Nome de trono - desconhecido
  • Nome de nascimento - desconhecido
  • Listas de reis - Djadjay, Bebi, Bebti